quinta-feira, 19 de maio de 2011

Falo nada, só observo





Fico mordiscando a caneta tentando compreender a matéria que o professor insiste em explicar durante a aula. As palavras entram no ouvido direito e saem pelo esquerdo. Estou aqui mas minha mente está longe. Procuro a minha volta algo que possa dar-me alguma ideia, um estalo de genialidade.


Enquanto uns conversam e outros riem, eu viajo nos detalhes espalhados pela sala. Só observo quieto do meu canto, fazendo anotações sem sentido e escrevendo alguns pensamentos soltos. Tudo isso vai ser trabalhado em um novo texto para postar no blog, penso agora. A menina que apareceu na porta sorriu pra mim. Eu sorri também.


Cansei de ficar sentado aqui, vou dar uma volta lá fora e ver o que pode haver de interessante; agora, já estou andando pelo corredor e cumprimentando alguns conhecidos. Vejo uns dois ou três casais novos, e logo penso: "Caramba, aquela ali não namorava outro cara até sexta-feira passada?" Bem-vindo ao mundo adolescente, querido eu.


Ao sentar no pátio, logo sentou ao meu lado o mil faces - um(a) amigo(a) que não quero citar o nome - e veio com suas ladainhas. Começo a fingir interesse e o sorriso nitidamente forçado da minha parte parece tê-lo feito se empolgar e encrementar novas mentiras a uma aventura que de certo ele não viveu como descrevia. Ele não percebe, mas estou pouco me fodendo para o que ele está dizendo.


"Para velha". A sineta toca anunciando o fim das aulas no momento em que mil faces se levantou satisfeito por ter contado mais uma mentira. Continuo aqui sentado. Uns minutos se passaram e uma amiga trouxe minha mochila que havia ficado na sala. Com a mochila em meu colo, continuo sentado e observando quem passa.


"A vida passa a minha frente e eu não sei o que fazer. Socorro, me acorde."